Considerações finais

Desafios e perspectivas para SbN

Dados do Programa Mundial de Avaliação da Água da ONU apontam que as SbN ainda correspondem a menos de 1% do investimento total em infraestrutura para a gestão dos recursos hídricos (WWAP, 2018). Ou seja, ainda que haja um certo conhecimento de que a degradação ambiental tem impacto negativo sobre a economia e a sociedade – como é o caso da escassez de água potável –, ações de conservação da natureza ainda são pouco valorizadas e vistas como um empecilho ao desenvolvimento econômico, de modo que a gestão continua fortemente dominada pela infraestrutura convencional.

No entanto, há fatores que criam boas perspectivas para o tema. As SbN propiciam benefícios econômicos e podem encaixar-se nas oportunidades geradas pela situação atual de infraestruturas cinzas envelhecidas, inadequadas ou insuficientes.

Para o ano de 2030, há projeções de gastos de cerca de US$ 10 trilhões, em todo o mundo, em reparação e ampliação de infraestrutura hídrica, já que barragens, estações de tratamento e outras estruturas de abastecimento estão envelhecendo, ao passo que a demanda de água aumenta (WRI, 2017). Como os custos de construção também sobem cada vez mais, há uma crescente percepção de que investir exclusivamente em infraestrutura cinza pode não ser a melhor solução. O estudo das Finanças para a Natureza (State of Finance of Nature) – lançado pela ONU em maio de 2021, com o objetivo de acompanhar as tendências globais em investimento público e privado em Soluções baseadas na Natureza – afirma que os investimentos em SbN devem triplicar até 2030 e quadruplicar até 2050 em relação ao nível atual. Neste sentido, embora uma ampliação do financiamento público ajude a preencher algumas lacunas, é necessário também um aumento significativo do investimento por parte do setor privado.