Planejamento sistêmico para SbN

Tomada de decisão: Como surge a demanda por SbN?

Idealmente, a decisão de implantar Soluções baseadas na Natureza deve surgir de questões técnicas claramente orientadas a problemas e desafios e previstas em instrumentos de planejamento urbano e projetos estruturais discutidos amplamente entre diversos atores e setores. No entanto, a realidade de grande parte dos municípios brasileiros pode ser diferente.

Na prática, a demanda pode surgir de muitas outras maneiras, como a necessidade de um setor específico – transportes, saneamento, obras etc. – para resolver determinado problema urgente. Há a possibilidade também da motivação política, vinda de tomadores de decisão que, entusiasmados com projetos demonstrativos, decidem implementar ações similares – seja pensando no benefício para a cidade ou na capitalização de sua gestão. Alguns deles, não raramente, pecam por não pensar de modo mais amplo, a longo prazo, pois buscam apenas ações que possam ser construídas e lançadas dentro de períodos curtos, notadamente no tempo de sua gestão.

Ações inovadoras como as SbN trazem, como temos dito até aqui, múltiplas consequências positivas. Contudo, na maioria dos casos, o resultado pode ser visível apenas a médio e longo prazo. Isso resulta em falta de urgência nas decisões que envolvem SbN, especialmente quando há pautas consideradas mais importantes pela opinião pública. 

A política é, de modo geral, caracterizada por ciclos de curto prazo, comumente os quatro anos que duram os mandatos executivos, ainda que haja dispositivos legais para evitar isso – o Plano Diretor dura dez anos e o PPA é para mais de um mandato, por exemplo. Esta tensão entre o pensamento de curto e longo prazo tem um impacto crucial nas políticas ambientais. Quanto maior o foco no curto prazo – no qual a abordagem de business as usual é predominante –, maior é o risco de perda de oportunidade em que medidas adequadas – normalmente de longo prazo – não são adotadas a tempo [18].

Para evitar essa situação, é importante que as cidades mudem seus propósitos e comecem a reorganizar suas estratégias, buscando desenvolver políticas adequadas aos desafios que se impõem. Independentemente do caminho adotado, é importante estar preparado para que, assim que surja algum desafio, haja um arcabouço legal e técnico para viabilizar soluções adequadas com agilidade.